terça-feira, 6 de novembro de 2007

Canção de Saudade

Tudo de alegrias e de tristezas conheci
Coisas do amor e do sofrer, eu já senti
Nada me transforma a alegria de viver,
Ver a noite vir e sorrir, ao sol nascer,
Vivo esperando o novo dia,
Que irá trazer a luz, que sempre ficará !
Cartola
PS: Ah Cartola! Sempre ele...
na alegria e na saudade
na tristeza e na dor
não me canso da embriguez que me causa sua música e da ressaca que me causam seus versos!
L.H. - 06.11.2007

terça-feira, 16 de outubro de 2007

Morno

Não gosto dos certinhos
E não gosto também dos errados
Gosto do meio-termo
Daquele que transgride sem machucar

Os certinhos são muito chatos
Os errados também
Ambos são totalmente previsíveis
Por isso gosto do meio-termo

Os radicais são muito chatos
Os liberais são muito relapsos
Sempre batendo na mesma tecla
Não mudam nunca de opinião

As paixões ardentes são passageiras
As contidas são demoradas
Por isso gosto das paixões meio-termo
São mais emocionantes

O quente demais queima
O frio demais dói
Os dois machucam
Por isso gosto do morno um pouco quente um pouco frio

Assim sigo andando em linha reta durante a semana
E nos dias finais ando nos caminhos sinuosos
Vou transgredindo sem ofender nem machucar
Só para não me esquecer de que a vida
Sem o meio-termo fica muito previsível.

L.H.

16.10.07

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Título em MAIÚSCULO

Duas consoantes, de um nome próprio composto (um sujeito), sentiam-se minúsculas.
minúsculas por serem sozinhas.
minúsculas por não terem com quem completar uma frase.
minúsculas por não terem adjetivos.
minúsculas por não terem verbo.
E de parágrafo à parágrafo, de verbo em verbo, de predicados em predicados, estavam sempre em busca daquilo que faltava para completar sua frase.
Encontraram, por esses caminhos, uma consoante, Maiúscula, de um nome próprio simples, que chegou toda cheia de predicados, procurando um sujeito. Nada mais apropriado. Tantos predicados assim, e o sujeito concordando com todos eles!
Assim, suas consoantes passaram a se sentir Maiúsculas.
E foram-se 4 parágrafos de estórias, na verdade, quase 5. Só que estava próximo um ponto final.

É! Um ponto final!
O sujeito percebeu que aqueles predicados não eram tão predicados assim e resolveu por um ponto final nessa estória.

E assim o fez!
Depois do ponto final, mesmo depois do ponto final, o sujeito voltou a ter suas consoantes minúsculas, não pelas faltas pretéritas, mas sim pela tristeza de ter vivido uma estória, na maioria de seus parágrafos, triste.
Mas o sujeito não desistiu, encontrou novamente uma consoante, de um nome próprio.

Só que, desta vez, minúscula.
Por serem minúsculas, essas consoantes começaram a viver frases e mais frases, tornando-se Maiúsculas.
No entanto, o sujeito viu que com essa consoante minúscula as frases formadas não tinham sentido, quiçá virariam um parágrafo!
E assim aconteceu, antes de terminarem um parágrafo, o sujeito pôs um ponto final na frase.
Minúsculo voltou a ser.
Só que ele não desistia, e, nas viradas de páginas, encontrou uma vogal, Maiúscula.

Uma linda vogal maiúscula, de nome próprio.
Diante de tal vislumbramento, apareceu, para o sujeito, um verbo!
Um verbo com o qual concordou! Suas consoantes estavam mais Maiúsculas do que nunca antes escrito.
No entanto, no meio da frase, ele percebeu que a vogal não concordara com o verbo surgido e, por ironia do destino, foi ela quem colocou o ponto final na frase.
O sujeito, então, sentiu-se mais minúsculo do que nunca antes escrito!
Passou, então, a escrever suas próprias frases com seus próprios verbos e predicados. Não esperava mais encontrar nenhuma vogal, nem nenhuma consoante para com ela continuar uma estória.
E, ao terminar uma de suas várias estórias percebeu que não colocaria mais um ponto final, colocaria sempre uma vírgula. Sempre uma vírgula, até a tinta acabar.
Não preocupou-se mais em estar minúsculo, tornar-se-ia Maiúsculo a partir do momento em que fosse colocado como título de sua estória, e isto, para si, já bastava.


L.H.
26.09.2007

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

ESPINHAS

Os lábios uniram-se num ímpeto voraz, as mãos passeavam pelos corpos sentindo toda a energia que emanava da pele suada. Agarrou-a pelos cabelos, próximos da nuca e começou a beijar-lhe o pescoço, com leves mordidas que não deixavam marcas. Ela arranhava suas costas, mostrando-lhe todo o seu desejo. Os corpos nus suados esfregavam-se num movimento compassado, e, ele, começou-lhe a beijar os seios, enquanto passeava a mão por todo o seu corpo. Sua barba, por fazer, deixava-a toda arrepiada, e aumentava, ainda mais o seu desejo. Jogou-a na cama, beijou-lhe até o umbigo, mordendo sua barriga de vem em quando. Ela já não pensava em mais nada, apenas aguardava o momento ansiosa. Ele começou a desabotoar sua calça...

- TOC TOC TOC ... Juninho, quer sair do banheiro por favor? Seu pai tá querendo tomar banho!!!

- Tá mãe... to saindo já...

- Alfredo Luís Júnior! O senhor está aí há mais de 40 minutos! Saia daí nesse minuto, senão vou pegar a cópia da chave e abrir....

- Pronto Dona Eulália já desliguei o chuveiro... só estou me enxugando...

- Essa juventude de hoje acha que água não custa dinheiro...

- Tá bom mãe... já desliguei o chuveiro caramba...


24/09/2007
L.H.

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Felizes para sempre

Era uma vez um rapaz e uma moça.

Um dia o rapaz chegou para a moça e disse
- Quer casar comigo?

Ela respondeu:
- Não!

E assim viveram felizes para sempre.

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

SETEMBRO

Parou na cozinha para tomar um copo d´água, olhou para a folinha:

“É, setembro chegou. Apenas 3 meses para o ano ir embora. Como esse tempo passa rápido. Peloamordedeus.”

Pensou:

“Putz! Já to com 30 e parece que foi ontem que eu saí da faculdade.”

Subiu ao quarto, deitou na cama desarrumada, era domingo, dia de descanso da empregada, olhou para o ventilador do teto que começara a girar e começou a chorar.

Percebeu que toda aquela energia dos 20 e poucos tinha se esvaído, esqueceu das coisas que lhe davam prazer. Esqueceu não, renunciou ao que lhe dava prazer. Todos diziam que devia esquecer essas bobeiras da juventude e se dedicar à algo que lhe desse um futuro. Mas ele tinha chegado nesse futuro e não se sentia satisfeito. Percebeu que virara um escravo do imperativo categórico: Trabalhe – Ganhe dinheiro – Constitua família. Mas não conseguiu atingir esse objetivo. Trabalhava bastante, umas 10, 12 horas por dia, dinheiro não lhe faltava, mas não sobrava muito também, porém, constituir família parecia um objetivo inalcançável. Não se acertou com nenhuma das namoradas. Todas lhe pareciam fúteis e superficiais.

Percebeu o quanto estava infeliz. Toda a sua juventude havia passado sem deixar marcas. Quis voltar no tempo e viver tudo o que deixou de viver. Mas, agora não havia mais como. Viver a vida de um jovem de 20 na pele de um homem de 30 seria impossível. Impossível talvez não, porém, ridículo seria.
Só agora tinha se dado conta do quão breve a vida é. Revoltou-se porque até hoje ninguém tinha lhe dito para aproveitar a vida, mesmo que fosse por apenas alguns instantes. Era apenas: trabalhe, arranje um bom emprego. E, assim, ele o fez, mas e a recompensa por isso? A recompensa por tanto esforço era aquela tristeza. Apenas sua tristeza, de mais ninguém. Sua mãe era toda orgulho, tinha um filho com um cargo importante e que ganhava muito bem, seu pai estufava o peito quando andava ao seu lado, o filho era um belo de um juiz. Mas ele se sentia infeliz.

Ele não era nada além de um Juiz. Chegava em casa, tirava o terno, colocava uma bermuda, e lá estava o ser humano. Um ser humano sem histórias para contar. Um ser humano sem cor diante da vida. Claro que não deixava de ter cor quando atuava em sua profissão. Tinha plena consciência de sua importância para a população. Mas a sua história de vida baseava-se apenas no julgamento de casos, dos mais variados tipos. Só isso.


O seu curriculum vitae, diante da vida, estava incólume, continha apenas seu nome, profissão, endereço e idade, mais nada.

Cansou de ficar deitado, sentou na cama, enxugou as lágrimas, foi ao espelho, lavou o rosto e perguntou a si mesmo:

“Como serão os meus próximos 30? Será que chegarão sem avisar como este setembro?”


17.09.2007
L.H.

sábado, 8 de setembro de 2007

Um pequeno imprevisto

Eu quis querer o que o vento não leva
Prá que o vento só levasse o que eu não quero
Eu quis amar o que o tempo não muda
Prá que quem eu amo não mudasse nunca

Eu quis prever o futuro, consertar o passado
Calculando os riscos
Bem devagar, ponderado
Perfeitamente equilibrado

Até que num dia qualquer
Eu vi que alguma coisa mudara
Trocaram os nomes das ruas
E as pessoas tinham outras caras
No céu havia nove luas
E nunca mais encontrei minha casa
No céu havia nove luas
E nunca mais encontrei minha casa

Thedy Correia - Herbert Vianna

sexta-feira, 31 de agosto de 2007

O Anti-herói

Acabara de sair do trabalho, já passavam das sete e meia da noite.
Dirigiu-se ao estacionamento, desceu até o primeiro subsolo, seu veículo sempre na mesma vaga.
Não costuma correr, estava indo para casa mesmo, sempre saía muito estafado do serviço, correr seria um perigo!
Andava na média dos 40, 50 quilômetros, raramente ultrapassava essa velocidade, muito raramente.
Passou pela cancela do estacionamento, adentrou à Rua Mato Grosso e seguiu.
Virou à esquerda, na Rua Sergipe, e continuou seu caminho.
Durante o trajeto, foi pensando na vida que estava levando, no trabalho, nos amores que viveu, nos amigos que havia feito, foi quando percebeu que nunca, em toda sua existência havia feito algo demasiadamente errado.
Sempre era muito sincero com todos, os amigos o admiravam, era um cara engraçado, bacana, com uma conversa agradável.
Em casa era adorado por boa parte da família, o exemplo. No trabalho, apesar da pouca idade, era um homem respeitado pelo seu caráter e conduta ilibada.
Apesar de tudo, sempre teve uma queda pela transgressão, mas, nunca deixava essa vontade aflorar.
Sempre foi-lhe reprimida, talvez pela responsabilidade que aprendeu a ter desde moleque.
Mas hoje, logo hoje, esse ímpeto reprimido estava lhe incomodando. Ele sempre controlou fácil essa necessidade.
Mas hoje era diferente.
Ele sempre se sentiu diferente de todos os amigos, dos irmãos, dos primos, todos o olhavam como o ser humano ideal, o PERFEITO.
E isso o incomodava. Mas também nunca havia dito nada a ninguém, nem a si mesmo, apenas aceitava essa condição, e nada fazia para ultrapassar essa linha da razão.
Ele não queria mais ser o perfeito, queria ser igual, queria poder errar sem se sentir culpado, queria poder largar a louça suja na pia, poder mijar na tampa da privada e largar lá sem limpar, beber até cair, afinal de contas nunca tinha tomado um porre na vida. Queria na verdade é sentir a brisa da liberdade bater em seu rosto. Deixar pra trás essa mochila pesada da responsabilidade.
Chegando ao final da rua Sergipe, virou à esquerda na J.K., como sempre fez.
Pela J.K. pensou, “chega de fazer tudo igual”, “vou começar mudando de caminho”, e assim o fez, ao invés de descer à Rua Alagoas, desceu a Pará.
Ao dobrar a esquina, com toda atenção desviada para seus pensamentos, não percebeu e acabou por atropelar um cachorro, um vira-latas pequeno, daqueles marronzinhos, com o rabo comprido. Só ouviu os ganidos de dor e o barulho da freada.
Desesperado, parou o carro no meio da rua mesmo, desceu e foi olhar o cachorro.
Meu Deus, nunca na vida havia matado um animal, muito menos feito mal à algum, sentiu remorso pelo ocorrido, sentia-se mal, muito mal mesmo. Onde estava com a cabeça?
Chegou mais perto, e percebeu que o cachorro ainda estava vivo, respirando.
Olhou para os lados, não havia ninguém. Ninguém tinha presenciado o atropelamento, apenas uma residência ali havia, com todas as luzes apagadas e sem carro na garagem, o resto eram prédios comerciais, sem vigias noturnos e sem porteiros. Nenhum transeunte, ninguém mesmo.
Prostrado ali na frente do cachorro, que agora estava agonizando, não teve outra atitude senão a de colocá-lo dentro do carro, levando-o até i hospital veterinário.
Chegando, conversou com o estagiário que lhe explicou que não era nada muito grave, o carro não havia passado por cima dele, o que seria fatal pelo porte do animal.
Não entendeu muito bem o que aconteceu, o que importava é que o cachorro estava vivo e iria ficar bem.
Deixou o pequeno animal aos cuidados do pessoal e voltou para sua casa, sem pensar em nada.
Nas semanas que se passavam, ia visitar todo dia seu mais novo amigo. Até que teve alta médica.
Agora poderia voltar para casa. Como tinha achado o cachorro na rua mesmo, não deveria ter para onde ir, foi até uma pet shop, comprou ração, uma casinha, uns brinquedos e o levou para sua casa.
E assim seguiram-se os meses, toda família já estava acostumada com o novo membro, os sobrinhos adoravam brincar com o “marronzinho”.
Não havia mais tido aqueles pensamentos que tivera no dia do atropelamento. Tudo estava como antes. Nada havia sido alterado. A mesma rotina de sempre.
Na volta para casa, num dia qualquer depois do trabalho, resolveu alterar seu trajeto novamente, e descer de novo a Rua Pará, dessa vez mais devagar e com mais atenção.
Foi quando notou, em cima do portão da casa, aquela mesma casa que meses atrás estava com todas as luzes apagadas, uma faixa com os seguintes dizeres – CÃO DESAPARECIDO – Atende pelo nome de Tóin! Criança doente! Gratifica-se! – ao lado dos dizeres tinha a foto do marronzinho.
Neste momento sentiu um nó na garganta, daquele bem seco, de fazer perder os sentidos e estacionou o carro bem em frente à casa, só que do outro lado da rua.
Recobrou a consciência, e percebeu, agarrado no portão, um menininho loirinho, chorando, e chamando por Tóin. Percebeu também que o vão das grades do portão eram espaçados, e, possivelmente, por ali o cachorro teria escapado.
Fez uma menção de sair do carro para conversar com o menino, mas achou melhor não.
Seguiu seu caminho, chegando em casa, ninguém estava, somente o marronzinho lhe recebia abanando o rabo.
Chamou-o pelo nome de Tóin, e o mesmo prontamente atendeu, com latidos e pulos. Havia pegado muito amor no bichinho, e parecia que era recíproco.
Teve dúvidas, mas mesmo assim colocou o cachorro no carro e rumou para a casa do menininho.
Chegando, viu que o menino não estava mais no portão. Tocou a campainha, e logo um senhor de idade, alto, cabelos bem brancos, quase um albino, abriu.a porta e disse:

Pois não?
Oi, eu tava passando por aqui e vi essa faixa do cachorro desaparecido...
Sim?
Acho que eu encontrei o Tóin...acho que é ele...
Onde está? – o velho disse, esboçando um sorriso largo no rosto
Tá aqui no carro... ele apareceu em casa fazem uns dois dias, estava com muita sede e fome, fedendo à carniça, peguei dei um bom banho, água e comida...
Nesse momento o Tóin salta pela janela do carro e corre em direção ao portão, entra pelo vão e salta, latindo, nos braços do velho.
Ora se não é o Tóin (os olhos do velho encheram-se de lágrimas)...mas você está bem tratado hein mocinho – dizia enquanto levava várias lambidas no rosto e na boca. Muito obrigado por você ter cuidado dele viu, meu netinho estava muito, muito triste esse tempo todo. Acredita que nem na escola ele queria ir mais? Ficava horas e horas nesse portão chamando pelo danadinho aqui...
Eu posso imaginar senhor...
Nós saímos um dia, já fazem alguns meses, para buscar meu netinho numa festinha de aniversário, e quando voltamos o Tóin não estava mais aqui. Ele entrou em desespero, imagine, o menino queria levar o cachorro para a festa de aniversário (gargalhou), eles são unha e carne. Ah! Espere só um minuto sim, já venho (a medida que o velho ia para dentro da casa ouvia-se os gritos de felicidade do menininho e de mais algumas pessoas, seguidas de gostosas risadas e latidos).
Voltando, o velho disse:
Rapaz, muito obrigado pelo que você fez viu, pode ter certeza que ajudou muito uma família, uma criança. Como tinha colocado no cartaz, ta aqui o cheque da gratificação.
Obrigado senhor, eu agradeço muito...
Que nada meu bom moço, não precisa agradecer...eu é que tenho que te agradecer

Saiu da casa, entrou no carro, olhou o cheque, o valor era bom, muito bom, quase o seu salário inteiro, “é realmente o pessoal gostava mesmo do Tóin” pensou.
A partir daí não pensou em mais nada, apenas sorriu aliviado.

LH.
31/08/2007

quarta-feira, 29 de agosto de 2007

E daí?

Tenho nos olhos quimeras
Com brilho de trinta velas
Do sexo pulam sementes
Explodindo locomotivas
Tenho os intestinos roucos
Num rosário de lombrigas
Os meus músculos são poucos
Pra essa rede de intrigas
Meus gritos afro-latinos
Implodem, rasgam, esganam
E nos meus dedos dormidos
A lua das unhas ganem
E daí?

Meu sangue de mangue sujo
Sobe a custo, a contragosto
E tudo aquilo que fujo
Tirou prêmio, aval e posto
Entre hinos e chicanas
Entre dentes, entre dedos
No meio destas bananas
Os meus ódios e os meus medos
E daí?

Iguarias na baixela
Vinhos finos nesse odre
E nessa dor que me pela
Só meu ódio não é podre
Tenho séculos de espera
Nas contas da minha costela
Tenho nos olhos quimeras
Com brilho de trinta velas
E daí?

Milton Nascimento e Ruy Guerra

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Sara sim

Sara
Tanta coisa já se passou...
Amores, fotografias, filmes e novelas...
Domingos, sábados, feriados, verões, carnavais...
Até aquilo que achavam que não ia passar... passou.

Tudo passa... assim como tudo sara.
É Sara! Tudo sara!
sara sarando... sara passando...
Mas sara!

Talvez não agora... talvez não lá fora...
sara aqui dentro... sara depois...
Quem sabe em 10 anos
Quem sabe em 2

Talvez sare com reza braba
Talvez, sare com magia
Ou quem sabe até com terapia
Mas sara!

sara aqui... sara ali... sara prá lá
cicatriza a ferida, aquela coisa doída
mesmo estando toda dolorida
sara. Mas, não já!

sara para todo mundo
Para todo mundo, Sara.

Então, não diga mais: não sara.
Diga sim, Sara!
sara sim, eu sei que sara!

De agora em diante
Vai por mim, sim?
Sara sim!


LH.
24/08/2007

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

A razão... Há razão??

Quando te encontro, assim, depois de tanto tempo, me pergunto: por que? Qual o porquê desse encontro desencontrado?

Hoje não consigo entender qual o motivo que uniu nossas vidas!

Você continua linda como a primeira vez que te vi, mas, agora é diferente! Aquele sorriso, mesmo sendo falso, aliviava meu peito por eu achar verdadeiro. Aquela voz gostosa, o som saindo meio sem querer sair da boca. Aquele gesto suave, tão frágil, que se fizesse um movimento brusco parecia que você iria se quebrar toda.

Esse encontro desencontrado me trouxe lembranças boas. Apesar de serem poucas, foram marcantes!

Mas, mesmo com tudo isso, ainda continuo a pensar: por que?

Existe mesmo uma razão para os encontros da vida?

Como eternizou o poetinha, a vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida. Lendo isso, paro, penso. Nossas vidas desencontradas encontraram-se para novamente se desencontrar. E por qual motivo???? A razão de não se ter razão?
O que acrescentastes na minha vida? Nada!

O que acrescentei na sua? Não sei... Sei lá... Você nunca me disse e eu também nunca perguntei... Mas, ainda acho que você me deve alguns meses de minha vida... É ... ´xá prá lá ....

Só sei que esse encontro de hoje foi despretensioso como o primeiro. Tudo foi igual – um local que costumeiramente freqüentamos, você continua linda, o sorriso idem, a voz ibidem, os gestos... Acho que só a razão não foi a mesma.

Mas, peraí, que razão???

[...]

É, até a razão foi igual!!!

LH.
23/08/2007

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

O Zero

Sim, talvez eu seja aquele que tornará seus dias mais azuis, suas tardes mais amenas e suas noites inesquecíveis.
No entanto, talvez você prefira viver os dias cinzentos, as tardes atordoadas e as noites superficiais.
Mas, haverá um momento na vida em que a alegria efêmera será incômoda, e a ânsia por momentos perpétuos será incessante. E neste momento se lembrará de meus desejos.

Mas, quem sou eu para dizer que teus dias são cinzentos, tuas tardes atordoadas e suas noites totalmente superficiais?

Desculpe!

É que eu, na minha vã imaginação, fico a delirar, vislumbrando que poderias ser muito mais amada ao meu lado.
E nesse momento cometo um ledo engano, pois, esqueço, quando te vejo, que o amor não é feito apenas de um sentimento, é feito de dois, que somados se tornam um, e diminuídos, nenhum.

Então, se dois menos um é zero, talvez eu seja o zero!

LH.
16/08/2007