terça-feira, 16 de outubro de 2007

Morno

Não gosto dos certinhos
E não gosto também dos errados
Gosto do meio-termo
Daquele que transgride sem machucar

Os certinhos são muito chatos
Os errados também
Ambos são totalmente previsíveis
Por isso gosto do meio-termo

Os radicais são muito chatos
Os liberais são muito relapsos
Sempre batendo na mesma tecla
Não mudam nunca de opinião

As paixões ardentes são passageiras
As contidas são demoradas
Por isso gosto das paixões meio-termo
São mais emocionantes

O quente demais queima
O frio demais dói
Os dois machucam
Por isso gosto do morno um pouco quente um pouco frio

Assim sigo andando em linha reta durante a semana
E nos dias finais ando nos caminhos sinuosos
Vou transgredindo sem ofender nem machucar
Só para não me esquecer de que a vida
Sem o meio-termo fica muito previsível.

L.H.

16.10.07