terça-feira, 16 de outubro de 2007

Morno

Não gosto dos certinhos
E não gosto também dos errados
Gosto do meio-termo
Daquele que transgride sem machucar

Os certinhos são muito chatos
Os errados também
Ambos são totalmente previsíveis
Por isso gosto do meio-termo

Os radicais são muito chatos
Os liberais são muito relapsos
Sempre batendo na mesma tecla
Não mudam nunca de opinião

As paixões ardentes são passageiras
As contidas são demoradas
Por isso gosto das paixões meio-termo
São mais emocionantes

O quente demais queima
O frio demais dói
Os dois machucam
Por isso gosto do morno um pouco quente um pouco frio

Assim sigo andando em linha reta durante a semana
E nos dias finais ando nos caminhos sinuosos
Vou transgredindo sem ofender nem machucar
Só para não me esquecer de que a vida
Sem o meio-termo fica muito previsível.

L.H.

16.10.07

2 comentários:

S A R A A S S I M disse...

é o bendito "equilíbrio" dos budistas...

mas, na própria bíblia, no antigo testamento, está escrito...
"seja quente ou seja frio, nao seja morno que vomitar-te-hei"

por outro lado... um adágio popular já dizia "nem tanto ao céu, nem tanto a terra".

complicado...
sou 8 ou 80. sofro mais. rio mais. choro mais. vivo mais. tudo intensamente.

mas, busco, diariamente o meio termo.

Luiz Modesto disse...

Esse é teu também? Muito bom. Sempre desconfio dos certinhos, dos que remetem a idéia de extremo, redondinha. Prefiro o meio-termo tbém.
Abraço