quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Título em MAIÚSCULO

Duas consoantes, de um nome próprio composto (um sujeito), sentiam-se minúsculas.
minúsculas por serem sozinhas.
minúsculas por não terem com quem completar uma frase.
minúsculas por não terem adjetivos.
minúsculas por não terem verbo.
E de parágrafo à parágrafo, de verbo em verbo, de predicados em predicados, estavam sempre em busca daquilo que faltava para completar sua frase.
Encontraram, por esses caminhos, uma consoante, Maiúscula, de um nome próprio simples, que chegou toda cheia de predicados, procurando um sujeito. Nada mais apropriado. Tantos predicados assim, e o sujeito concordando com todos eles!
Assim, suas consoantes passaram a se sentir Maiúsculas.
E foram-se 4 parágrafos de estórias, na verdade, quase 5. Só que estava próximo um ponto final.

É! Um ponto final!
O sujeito percebeu que aqueles predicados não eram tão predicados assim e resolveu por um ponto final nessa estória.

E assim o fez!
Depois do ponto final, mesmo depois do ponto final, o sujeito voltou a ter suas consoantes minúsculas, não pelas faltas pretéritas, mas sim pela tristeza de ter vivido uma estória, na maioria de seus parágrafos, triste.
Mas o sujeito não desistiu, encontrou novamente uma consoante, de um nome próprio.

Só que, desta vez, minúscula.
Por serem minúsculas, essas consoantes começaram a viver frases e mais frases, tornando-se Maiúsculas.
No entanto, o sujeito viu que com essa consoante minúscula as frases formadas não tinham sentido, quiçá virariam um parágrafo!
E assim aconteceu, antes de terminarem um parágrafo, o sujeito pôs um ponto final na frase.
Minúsculo voltou a ser.
Só que ele não desistia, e, nas viradas de páginas, encontrou uma vogal, Maiúscula.

Uma linda vogal maiúscula, de nome próprio.
Diante de tal vislumbramento, apareceu, para o sujeito, um verbo!
Um verbo com o qual concordou! Suas consoantes estavam mais Maiúsculas do que nunca antes escrito.
No entanto, no meio da frase, ele percebeu que a vogal não concordara com o verbo surgido e, por ironia do destino, foi ela quem colocou o ponto final na frase.
O sujeito, então, sentiu-se mais minúsculo do que nunca antes escrito!
Passou, então, a escrever suas próprias frases com seus próprios verbos e predicados. Não esperava mais encontrar nenhuma vogal, nem nenhuma consoante para com ela continuar uma estória.
E, ao terminar uma de suas várias estórias percebeu que não colocaria mais um ponto final, colocaria sempre uma vírgula. Sempre uma vírgula, até a tinta acabar.
Não preocupou-se mais em estar minúsculo, tornar-se-ia Maiúsculo a partir do momento em que fosse colocado como título de sua estória, e isto, para si, já bastava.


L.H.
26.09.2007

3 comentários:

Anônimo disse...

Que delícia de texto...Penso que as consoantes de nome composto são e sempre foram MAIÚSCULAS...AMEI!!!!

S A R A A S S I M disse...

vc anda sempre me surpreendendo "maisculamente" (tenho licença poética, tá?) com seus textos...

meus filhos terão "nomes compostos". Eu acho tão lindo.

Tanto, que coloquei uma negação na frente do meu... só para ficar maiorzinho... rs

beijos

S A R A A S S I M disse...

trabalhando muito???
sumiu de novo!
bj