sexta-feira, 25 de julho de 2008

Salvador?

(Parte III)

Às catorze horas, Lucélia interfona na sala de Salvador e anuncia a chegada do Sr. Francisco. Prontamente manda-o entrar.

- Boa tarde Francisco, vejo que está bem melhor agora...
- Sim doutor, tive um sono tranqüilo, fui a um apart-hotel, simples, mas aconchegante...
- Certo, é bom que esteja disposto, pois iremos relatar todo o ocorrido agora. Posso começar? (perguntou pegando o gravador).
- Estou preparado doutor...

Rebobinou a fita até o ponto desejado e apertou o REC

- Em nossa última consulta Francisco, você havia dito que derrubou a moça no milharal, correto?
- Correto!
- E depois, o que aconteceu?
- Bom, depois que ela caiu no chão, ela abriu as pernas e me chamou passando a mão entre as pernas.
- E o que você fez?
- Eu deitei em cima dela e a gente começou a se esfregar de uma forma animalesca. Separei-me dela, e, enquanto tirava minha roupa ela tirava o vestido fazendo charme, rebolando, passando a mão pelo corpo de uma forma bem sensual. Assim que ficamos sem roupa, comecei a beijá-la nos seios apertando o seu corpo contra o meu... quando me veio uma vontade louca, incontrolável, de mordê-la...
- E você a mordeu?
- Mordi. Mordi os bicos dos seios, o pescoço, a orelha, as coxas...
- E o que ela lhe dizia?
- No começo ela estava gostando, depois ela começou a reclamar e pediu que eu parasse pois estava doendo muito...
- E o que você fez?
- Eu não conseguia parar...
- E ela fez o que?
- Bom, ela, chorava, gritava, tentava me afastar com as mãos, mas não conseguia, e isso me excitava mais ainda. Eu não estava mais conseguindo me controlar... me deu uma empolgação e...
- E o que aconteceu?
- Aconteceu que ela começou a arranhar meu rosto e minhas costas, me deu vários socos, mas como eu estava deitado em cima dela não adiantava muito, entende doutor?
- Sim, entendo.
- Como ela gritava muito, peguei minha meia, enrolei e enfiei na boca dela. Ela tentou morder meus dedos, mas não teve muito êxito porque com minha outra mão segurei o pescoço dela com força. Ela tentou de tudo pra afastar meu braço... mas não conseguiu e desmaiou...
- E depois que ela desmaiou?
- Resolvi amarrar as suas mãos e seus pés, com o próprio vestido dela sabe... rasguei em tiras...
- Por quê?
- Prá que ela não me arranhasse nem batesse mais...
- Sei... e ela chegou a acordar do desmaio?
- Acordou sim... acordou e começou a se mexer, debater, tentou levantar e não conseguiu.
- E o que você fez?
- Vendo ela naquela situação, fiquei com muito tesão. É como se um fogo me consumisse e eu não respondesse mais pelos meus atos... eu perco a consciência... você me compreende doutor?
- Compreendo...
- Então eu parti pra cima dela e coloquei-a de quatro, mesmo amarrada ela se mexia bastante... agarrei-a pelos cabelos e tentei penetrar... mas não consegui... é meio complicado eu ter ereção sabe doutor... eu sinto tesão mas...
- Mas você não fez sexo com ela então?
- Fiz... Eu transei sim...
- Sem penetração?
- Não senhor, com penetração...
- Como assim? Você acabou de dizer que não consegue ter ereção...
- Eu não conseguia ter ereção com ela se mexendo tanto...
- Então como você fez sexo com ela?
- Ela se mexia demais... então eu peguei meu cinto passei em volta do pescoço dela até ela não mexer mais... aí o corpo dela caiu de lado... foi quando eu consegui ficar tranqüilo e transar...
- Na verdade você a matou para poder transar?
- É, foi mais ou menos assim...
- E você gosta de fazer sexo com mulheres mortas?
- Olha doutor, a mulher de carne gelada é mais gostosa sabe... a carne fica mais dura... e o senhor saber... só fica com a carne dura depois de morta. Quando tem sangue também eu gosto... quando a mulher está menstruada eu prefiro...
- Entendi...

Estava um pouco tenso, já havia lidado com alguns assassinos, mas nenhum era tão frio ao ponto de relatar sem qualquer constrangimento e normalidade seus crimes.

- E posso te confessar mais uma coisa doutor?
- Claro que pode...
- Só assim que eu consigo gozar...

O silêncio imperou por alguns segundos, quando o celular de Francisco põe-se a tocar.


- Alô?! Sim, é ele mesmo... olha agora não posso falar, estou no meio de uma reunião ok? Já te retorno...

- Tem mais algum detalhe que você tenha esquecido de me contar Francisco? É muito importante relatar tudo, para que eu possa escolher a melhor defesa para seu caso...
- Os detalhes são esses mesmo ...
- Você chegou a levar o corpo para algum lugar?
- Não... eu deixei lá mesmo...
- Bom... volte para o seu apart-hotel... e não saia de lá até minha ordem ok?
- Ok.
- Qual o nome da moça?
- Rita de Cássia Moreira.
- Idade?
- Não sei... acho que tinha uns 30, 35...
- O que o Doutor acha?!
- Olha, vamos esperar o inquérito, verificar se você foi denunciado. Enquanto isso vou dar uma sondada na delegacia de homicídios para ver se registraram alguma ocorrência nessas últimas horas. Por hoje é só Francisco. Converse com a Lucélia, ela irá pegar seus dados, telefones, assim que tiver uma posição a respeito do seu caso, entro em contato com você. Caso ocorra algo, me ligue, não importa a hora ok?
- Feito Doutor!

Assim que Francisco saiu da sala, desligou o gravador, levantou-se, foi até a estante, abriu o frigobar, colocou uma dose de uísque no copo, engoliu de uma vez. Pensou em tudo que foi dito dentro de seu confessionário, no telefonema recebido no meio da conversa, nos detalhes sórdidos.

Olhou para a janela pegou o celular e...

*** CONTINUA ***