terça-feira, 4 de março de 2008

Salvador?

(Parte I)

Estava terminando mais uma petição a todo vapor em seu notebook, trabalhava incessantemente, quando bate à porta de seu escritório um sujeito esbaforido, descabelado, com alguns arranhões no rosto e algumas manchas vermelhas na camiseta amarela, que estava bem esgarçada.

- Pois não?!?!?
- O senhor é o Doutor Salvador?
- Sim, em que posso ajudá-lo?
- Por obséquio, poderia primeiramente me oferecer um copo d´água, pois estou exausto como o senhor mesmo pode reparar, e, necessito, urgentemente contratar os seus serviços.
- O copo d´água posso trazer, mas, me desculpe, não estou atendendo a esta hora, o escritório já fechou, apenas estou terminando um último trabalho e já estou indo para casa e...
- Doutor, necessito muito de sua ajuda, estou desesperado... muito desesperado, é um caso urgente... por favor não tenho como recorrer a mais ninguém senão o senhor!!!

Pensou um pouco, viu que o homem estava realmente desesperado, algo lhe dizia que deveria ouvir a história que teria para contar...

- Bom, um minuto que vou pegar a chave ok...

Dirigiu-se mesa, apanhou a chave, abriu a porta, levou o sujeito até sua sala pediu para que se sentasse, enquanto iria buscar o copo d´água.
Não estava acostumado a fazer isso para seus clientes, porque quem o fazia era Lucélia, sua secretária, mas, como já se passava da meia da noite, assim o fez, com um pouco de receio, uma vez que nunca tinha visto o sujeito na vida.
Entregou o copo ao homem que o bebeu como se tivesse acabado de chegar do Saara.

- Pois não senhor, em que posso ser útil?
- Doutor, acabo de cometer uma grande besteira... o senhor é criminalista né?
- Sim, advogado especializado na área criminal... Que besteira o senhor andou fazendo?

- Acabei de matar uma moça... foi... foi um ato impensado, eu... eu não queria, mas...ela me obrigou...olha o meu rosto doutor, foi ela quem fez isso (apontava o homem para todos os arranhões, quando começava a se exaltar)...
- Acalme-se por favor, aqui o senhor está em segurança. Vou-lhe trazer mais um copo d´água e fazer algumas perguntas, ok?
- Sim doutor, tudo bem.

Estava acostumado a lidar com criminosos e assassinos desde a época de faculdade (no escritório de prática jurídica da universidade) onde selecionava apenas as causas penais para estudar e defender. Achava o máximo esmiuçar a legislação em busca de brechas e falhas que pudessem ajudar seus clientes. Não só os colegas de classe, como seus professores, reconheciam-no como o melhor aluno de direito penal da faculdade.

Mais uma vez retornou com o copo e entregou ao homem.

- Primeiro, gostaria de saber seu nome...
- É Francisco da Costa Estrella...
- Bom, Francisco, quantos anos o senhor tem? É casado? Solteiro? Trabalha?

- Doutor, tenho 30 anos, sou solteiro, moro com a minha mãe, sou formado em engenharia civil e trabalho para algumas construtoras daqui da cidade, e algumas de outros estados... Doutor não se preocupe com dinheiro, tenho o suficiente e alguns bens também... eu quero contratar o senhor, porque sei que é o melhor na área...
- Calma Francisco, conversamos sobre os honorários depois, agora preciso saber o que me traz o senhor aqui... certo?
- Certo...
- Gostaria que o senhor me contasse como tudo aconteceu. O que o senhor estava fazendo; onde ocorreu o crime; quem era a moça; se o senhor a conhecia; de que forma o senhor a matou, entendeu? Preciso saber de todos os fatos pormenorizadamente.
- Entendi sim... bom...

*** CONTINUA ***

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